O encontro de dois mundos

Avistaram, ao alvorecer, a alguma distância abaixo de nosso povoado, estranhas e descomunais embarcações que deslizavam rapidamente pelas ondas do oceano em direção à baía que despontava logo abaixo do vale que habitávamos. Todos da tribo correram até o cume da montanha e se enfileiraram, ocultos pelas copas das árvores, a admirar aquela inacreditável cena: eram grandes navios de madeira com enormes velas tremulantes, que levitavam velozmente por sobre as calmas águas que deitavam seu véu branco de espumas em nossas praias. Era o prenúncio de novos tempos, e muitos ali não compreendiam o que estava acontecendo e caíam ao chão em desespero, cantando súplicas às divindades e clamando por salvação. Algumas mulheres, tomadas por histeria e descontrole emocional, foram enxotadas aos abrigos aos tropeços, carregando nossas crianças, e aos homens fora ordenado que montassem guarda e fizessem aguardar pela chegada, iminente, de uma gen- te estrangeira e de intenções desconhecidas. E fizemos tão somente aquilo que poderíamos, naquele exíguo momento, inevitável: esperamos pelo pior.